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HISTÓRIA DE JESUS, O FERREIRO E A MACACA
No tempo que Jesus Cristo
Neste mundo viajou,
Pregando o Evangelho
Em vários lugares passou,
Ele fez muitos milagres
E a muita gente curou
E Jesus numa viagem
Já cansado em sua lida,
Na casa de um ferreiro
Ele chegou em seguida,
E aquele ferreiro deu
A Jesus uma dormida
Mas Jesus viu um letreiro
Na parede e pôs-se a ler,
Dizia assim: - Nesta arte
Não tenho pra quem perder,
Eu sou o mestre dos mestres
E faço o que quero fazer
Mas Jesus lhe perguntou
Se ele trabalhava bem,
E o ferreiro lhe disse:
Eu lhe negar não convém,
Em tudo que tenho feito
Nunca perdi pra ninguém
Jesus então foi dormir
Sem nada mais lhe dizer,
Mas no outro dia, viu
Uma velha aparecer,
Lhe pedindo que lhe desse
Qualquer coisa pra comer
Aquela pobre velhinha
De porta em porta pedia,
Pedindo a esmola a Cristo
Sorrindo ele lhe dizia:
Você não quer ficar jovem
Pra trabalhar todo dia?
A velhinha disse assim:
Quem me dera de eu ficar
Jovem de novo, só Deus!
Poderia me renovar!
Disse Jesus: - Pois achastes
Alguém que quer te ajudar
E então Jesus pediu
Ao ferreiro Clemente,
Permissão para fazer
A pobre velha demente,
Agüentar fogo e ficar
Jovem e bela novamente
O ferreiro deu-lhe o sim
Mas não estava com fé,
Mandou Jesus trabalhar
E ficou olhando em pé,
Pensando: - Eu quero saber
O começo como é
Jesus despejou o carvão
E o fogo preparou
Ligeiro ajeitou o fole
E nas brasas a velha botou,
Depois botou-a na safra
E o trabalho começou
Meteu com força o martelo
Enquanto a velha estava quente,
Que largou o couro velho
E nasceu outro novamente,
A velha ficou novinha
Com 12 anos somente
O ferreiro vendo aquilo
Ficou muito satisfeito
Consigo mesmo dizia
O serviço foi perfeito
Porém se eu for fazer
Inda faço mais bem feito
Jesus seguiu a viagem
E a velha, moça e contente,
Foi embora, e o ferreiro
Disse todo sorridente:
Eu vou fazer gente velha
Ficar jovem novamente
Disse: - Mamãe, venha cá
Que vou contar um segredo,
Vou deixa-la moça agora
Peço que não tenha medo,
A senhora vai ficar
Bem jovem, chupando o dedo
A mãe dele era enxerida
E sem vergonha demais,
Disse: - Se eu ficar jovem
Faço o que o diabo faz,
Meu fogo ninguém apaga
Vou queimar qualquer rapaz
A velha disse: - Meu filho
Se novamente eu ficar,
Moça e bonita endoideço
Não é bom nem falar
Não vou casar com ninguém
Eu só quero é namorar!
Disse o ferreiro: - Mamãe
Rogue a Santa Virgem pura,
E deixe de dizer besteiras
Qu’a parada vai ser dura,
Se deite dentro das brasas
E não reclame a quentura
A velha caiu nas brasas
Gritou muito e quis correr,
Mas o ferreiro lhe disse:
Assim não dar pra fazer,
Se quer ficar bonita, tem
De chorar muito e sofrer
Numa garrafa de cana
Um copo cheio bebeu,
A velha gritava tanto
Que ele se enfureceu
E disse: - Mamãe, se cale
Que o duro daqui sou eu
Botou mais fogo na velha
Que ela ficou calada
Quando jogou-a na safra
Já não valia mais nada
Disse o ferreiro: - Danou-se
Minha mãe ficou queimada
Apanhou logo o martelo
E disse: - Vou mostrar quem sou,
E na cabeça da velha
Bateu que chega afundou,
Disse o ferreiro: - Parece
Que a minha mãe se lascou!
Tomou logo outra cachaça
E foi ficando meio quente,
Botou a velha de novo
Nas brasas, rapidamente,
Dizendo: - Quero deixar-te
Um belo anjo inocente
Logo tirou a mãe dele
Do fogo, meia queimada,
E resolveu botar ela
Na água fria, gelada,
Mas por certo não sabia
Que o homem sem Deus é nada
Logo após tirou a velha
Da água, muito sagaz,
Viu que não houve efeito
E disse quando bebeu mais:
Eu sei que aquele homem
Melhor do que eu não faz
Fez todo esforço, porém
Não conseguiu entender,
A dar o ponto na peça
Foi novamente beber,
Embriagou-se e chorou
Sem saber o que fazer
A velha virou-se em carvão
Ficou toda enegrecida,
Disse o ferreiro chorando
Sem confirmar na lida:
Eu vou ver se aquele homem
Salva a minha mãe querida
Correu atrás de Jesus
Que muito adiante encontrou,
Já cansado de correr
E chorando ele falou:
Eu vim pedir sua ajuda
Que o meu prazer se acabou!
Eu inventei de fazer
Minha mãe nova ficar
Mas não soube dar o ponto
E parei de trabalhar,
Peço que o senhor me ajude
Ou mamãe vai se lascar!
Mas Jesus lhe disse assim
Com sua voz sublimada:
Se você é bom ferreiro
Resolve qualquer parada
É mestre dos mestres em tudo
Eu não posso fazer nada
Ele nos pés de Jesus
Ajoelhou-se de olho fundo,
E disse: - Senhor dê um jeito
Que o seu trabalho é profundo,
E eu perdendo mamãe
Pra mim acabou-se o mundo
Jesus disse ao ferreiro:
Eu vou reparar direito,
Examinar a peça
Mas digo pra todo efeito,
Que só vou examinar
Mas não garanto dar jeito
O ferreiro chegou logo
E Jesus aproximou-se,
Para fazer o exame
E o ferreiro sentou-se,
Jesus disse: - Está perdida
Passou do ponto, queimou-se
Estando queimada assim
Se quiser aproveitar
Uma mulher não dá mais
Que o ponto não vai chegar,
Só dar mesmo uma macaca!
E é pegar ou largar
Disse o ferreiro a Jesus:
Sei que perdi a parada
O seu trabalho é perfeito
Sou uma besta quadrada!
Pode fazer qualquer bicho
Que é melhor do que nada
Jesus meteu o martelo
E fez o serviço na hora,
O carvão pegou se bolir
Disse Jesus: - É agora,
A macaca ficou pronta
E dum pulo caiu lá fora
A macaca agarrou logo
Uma palma de banana,
Comia com casca e tudo
Sua fome era tirana,
O orgulho é o castigo
Desta geração humana!
Jesus seguiu a viagem
E o ferreiro na areia,
Ficou sentado e dizendo:
Minha mãe só ficou feia
Com o tamanho do rabo
Que tem quase braça e meia!
Quando vi ela queimada
Quase que eu perco a vida,
Minha mãe fede demais
E faz caretas em seguida,
Agradeço a Deus ter ela
Por minha mamãe querida
Quem não levar um cordel
De jeito nenhum me ataca,
Também não vou condenar
Sua teoria fraca,
Mas vai ficar com o rabo
Igualmente o da macaca.
AUTOR DESCONHECIDO