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FALANDO SOBRE
OS CANGAÇEIROS!!!
O cangaceirismo no inicio e até quase meados do século passado foi o terror dos sertões nordestinos, os bandoleiros embernavam-se nas caatingas cometendo todo tipo de atrocidade contra pessoas pacatas que viviam tranqüilos nas suas fazendas ou mesmo em pequenas propriedades rurais, levando pânico a essa gente simples que gozava de uma vida sossegada antes de surgir essas ameaças que por um longo período atormentou esse povo ordeiro que habitavam por essas plagas.
Entre os mais conhecidos e famosos cangaceiros do século passado destaca-se Manoel Baptista de Moraes (Antonio Silvino) seu nome de guerra, que atuou no estado da Paraíba e de Pernambuco, perseguido pelas policias desses dois estados foi preso pelo delegado de Taquaritinga do Norte em 1914 e levado para casa de detenção em Recife onde permaneceu preso até 1937 quando recebeu indulto do presidente Getúlio Vargas e foi posto em liberdade indo residir em Campina Grande PB. Aonde veio a falecer em 30 de julho de 1944.
Alguns anos depois da prisão de Antonio Silvino aparece em cenário Virgulino Ferreira da Silva o famoso “Lampião” remanescente do bando de “Sinhô Pereira” que abandonou o cangaço e entregou o comando a Lampião que cometeu todo tipo de barbaridade nos estados do nordeste por onde passou terminando sua trajetória no dia 28 de julho de 1938 na fazenda Angicos no sertão de Sergipe quando foi surpreendido pela policia logo ao amanhecer, metralhados e degolados Lampião Maria Bonita e grande parte do seu bando dando um ponto final na historia do cangaço no Brasil.
Nas estrofes abaixo descrevi um pouco dessa historia bem conhecida na literatura brasileira e principalmente na literatura de cordel.
A SAGA DE LAMPIÃO!!!
Nesse cordel vou falar
Um pouco de um nordestino
Que nasceu em Vila Bela
E teve um triste destino
Mas foi muito conhecido
Foi herói e foi bandido
Seu nome era Virgulino
Quando ainda era menino
Era pacato e ordeiro
Por ser amante do gado
Foi dedicado vaqueiro
Era um mestre em artefato
De couro e artesanato
E foi excelente tropeiro
Mas pra mudar seu roteiro
E tornar-se um assassino
Temos outro personagem
Um tal, José Saturnino
Que roubava criações
Causador das confusões
Que o fez virar peregrino
Esse furto de caprino
Transformou os ideais
Duas famílias amigas
Passaram a ser rivais
Parece até uma praga
Mas foi o inicio da saga
Que hoje está nos anais
E entre as vitimas fatais
Sua mãe foi à primeira
A morrer nesses combates
Contra os irmãos Ferreira
Que eram cruéis bandidos
Chacinadores temidos
Pela região inteira
Mais uma bala certeira
Que da policia partiu
Durante essa mesma fuga
Seu velho pai atingiu
Que tombou sem esperança
Os três juraram vingança
Assim que ele sucumbiu
E Virgulino assumiu
A frente dessa questão
Recebeu logo a alcunha
Passou a ser “Lampião”
Assaltante e bandoleiro
Esse cruel cangaceiro
Era o terror do Sertão
Se quer uma explicação
Pra esse nome, eis as versões
Pelo que narra a historia
Existem duas razões
Quando na vitima atirava
Sua arma se abrasava
Formando grandes clarões
Mas divide opiniões
E eu estou acreditando
Que essa segunda hipótese
Melhor está se encaixando
Um cigarro foi perdido
Para encontrá-lo, o bandido
Formou um claro atirando
Lampião formou seu bando
Com os irmãos, agregados
Depois primos e amigos
Logo foram incorporados
E assim nesse vai e vem
Eram entre trinta a cem
Homes, todos bem armados
Pelo menos cinco estados
Sofreram as barbaridades
Dos ataques nas fazendas
E em pequenas cidades
Torturavam mal travam
Estupravam, apunhalavam
Com terríveis crueldades
E essas atrocidades
Sem duvidas, não tem parelhas
Cortou línguas, furou olhos
Decepou, braços, orelhas
Eram bárbaros e inclementes
Arrancavam unhas e dentes
Lábios, nariz, sobrancelhas
Com vacas, cabras e ovelhas
Faziam grandes chacinas
Planejavam e consumavam
Enormes carnificinas
A nada e a ninguém temendo
Aprontando e promovendo
Desordens e indisciplinas
E sem ter instruções finas
Mas grande estrategista
Atacava de surpresa
Sempre obtendo conquista
Nos combates com a polícia
Usava toda malícia
De uma maneira imprevista
E por ser idealista
Um dia foi convocado
Para juntar-se ao governo
E pra isso foi bem armado
Mesmo sendo problemáticos
Ganhou fuzis automáticos
E fardamento adequado
Padre Cícero fez chamado
Então Lampião surgiu
O titulo de “Capitão”
Logo a ele atribuiu
E agiu dali pra frente
De acordo com a patente
Que de graça conseguiu
E assim ele se viu
Iguais aos faroestes
No ano de vinte e seis
Teve sucesso nos testes
E entre fogos cruzados
Enfrentou os rebelados
Membros da Coluna Prestes
E esses fatos contestes
Está registrado em escrita
No ano de vinte e nove
O seu coração se agita
Aguçando a etopéia
Conheceu Maria Déa
Vulgo “Maria Bonita”
Essa jovem ora descrita
Com destino aventureiro
Era mulher muito bela
Esposa de um sapateiro
Chamado José Neném
A quem deixou com desdém
E se foi com o cangaceiro
E pelo Nordeste inteiro
Participou da ação
Era mulher perigosa
Estando de arma na mão
Atirava e nem temia
Porque sempre obedecia
As ordens do “Capitão”
Porem esse valentão
Sentiu arrochar o nó
No Rio Grande do Norte
Apanhou de fazer dó
Reconheceu o fracasso
E deu a torcer o braço
Na cidade Mossoró
Pra não ir pra o xilindró
De lá saiu na carreira
Por encontrar resistência
Ele e toda cabroeira
Esqueceram a valentia
Correram que até subia
Do chão, nuvem de poeira
Com essa lição grosseira
Quase entrou pelo cano
Sem que soubesse noticias
Dele, se passou um ano
E o povão aliviado
Mas sempre desconfiado
Que estava armando um plano
Mas por ser um veterano
Continuou a rotina
Reapareceu na Bahia
No Raso da Catarina
Seguiu o mesmo compasso
Por lá encontrou espaço
Pois no crime predomina
E essa alma ferina
Tinha vários seguidores
Criminosos assassinos
Bandidos estupradores
Que as vitimas atormentavam
Mal travam torturavam
Levavam a tristes horrores
Corisco foi os temores
Foi um feroz um tirano
Tinha Antonio de Ingracia
Um bandido desumano
Ângelo Roque e Xixabeira
Pai Velho engrossa a fileira
Com Moderno e Mariano
Ainda tem Zé Baiano
Perverso torturador
Malvado, com as mulheres
Não tinha o menor pudor
Impiedoso e imprudente
Marcava com um ferro quente
O chamavam de ferrador
Também tinha Beija-Flor
Medalha, Gato, Avião
Cajueiro e Fortaleza
Pó Corante e Azulão
Revoltoso e Bentivi
Volta Seca entrou aqui
Completando coleção
Não foram só homens não
Que encararam a bandidagem
Tinham mulheres perversas
Que demonstraram coragem
Valentes e destemidas
Que se tornaram bandidas
Formando assim sua imagem
E, diga-se de passagem,
Que nessa corja tirana
Estava Maria Déa
Lidya, Lió também Ana
Tinham Ignacinha e Dadá
Piores que carcará
Oh! Que raça desumana!!
Porém a saga profana
Tava com os dias contados
Lá na fazenda Angicos
Ainda estavam deitados
Mas foram surpreendidos
Pelos volantes temidos
Foram mortos metralhados
Depois foram degolados
Com os golpes de um facão
Suas cabeças ficaram
Anos em exposição
Com todo esse estardalhaço
Chegava ao fim o cangaço
E a saga de Lampião
Carlos Aires