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DESABAFO DE CABOCLO!!!
ONILDO BARBOSA
POETA VIOLEIRO FORROZEIRO E RADIALISTA!!!


Lindo poema de autoria do poeta violeiro radialista e forrozeiro

Onildo Barbosa de Vitória da Conquista BA.

DESABAFO DE CABOCLO!!!

Ah! Dutô Cuma me dói

Arescordá meu passado

Meu sertão de chão rachado

Pela seca renitente

Fica tudo diferente

No tempo da sequidão

É fôia seca no chão

Casa véia abandonada

Vaca morrendo atolada

Na lama do cacimbão


Num se avista nem anum

Dento do bosque esquisito

Cabra carneiro cabrito

Morrendo de um em um

Menino mago doente

E a mãe impaciente

Sem sabê o que fazê

E o pobe catingueiro

Nos aceiro do terreiro

Pedindo a deus pra chover


Menina quase criança

Cum o peito chei de magoa

Vai vê se arruma água

Cum três legua de distança

E a mulé maga coitada

Guarda as panela imborcada

Num jirau véi da cosinha

E os mulequim cum um borná

Correndo atraz dum preá

Mode cume cum farinha


O sertanrjo cabôco

Se embrenha nos taboleiro

Intrupicado nos toco

Pra vê se sarva um carneiro

Que ta morrendo de fome

Pois faz um mês que mum come

Nem mandacaru tostado

Só se avista o flagelo

E a morte cum seu cutelo

Matando gente adoidado


Domingo dia de feira

É o maió sofrimento

O pobe pega uma sela

Põe no lombo dum jumento

E sai caminhando a trote

Passa riacho serrote

Tristonho e disanimado

Vai falá cum o budegueiro

pra vê se sem dinheiro

Faz outra feira fiado


Em casa a criança chora

Chega faz eco na serra

Gato mia cabra berra

A situação piora

Na rua o pobe se vinga

Inchendo a cara de pinga

Esquece o qui tá passado

A mãe em cãs coitada

Consolando a fiarada

O dia inteiro esperando


Quando ela perde a fé

Vai na casa da vizinha

Pede um poquim de farinha

uma cilé de café

Cuma boa mãe qui é

Acomoda a fiarada

Sem drumi aguniada

Vai pra porta vê a lua

Chega o marido da rua

Bebo cum fome e sem nada


Toda a caatinga se cala

Parece que nem tem gente

E a cauã impaciente

Cantando fora de hora

As porta das casa veia

O vento abrindo e fechando

Num tem mais ninguém morando

Que a seca botou pra fora


O gado mago morrendo

Vitima da seca assassina

Nem um galo de campina

Canta prá noz escutá

Só a coruja agourenta

Dando gemidos na gruta

Toda vez que a gente escuta

Dá vontade de chorá


Ipê roxo num fulora

Tamburil nem catingueira

Nas moita de quixabeira

Num tem mais anum Mara

Donde os nambu de pé roxo

Cantava ditardezinha

E os bando de indurinha

Vinha se agazaiá


A lua nasce branquinha

Iguá a casca de ovo

Parece zombá do povo

Cada vez mais atraente

Os cadelim vira lata

Ditrás das porta granindo

Parece qui ta sentindo

A dô qui seu dono sente


E os doto da política

Nem oia pro cariri

Só fala im CPI

Nesses tá de mensalão

Chega na trevelisão

Mentido de cara lisa

Parece que nem precisa

Dos matutim do sertão


Será que esses deputado

Num vê qui foi nós que deu

Qui votô qui escreveu

No dia da inleição

Cum os papezin na mão

Butando lá o seu nome

E eles nem vê qui a fome

Tá devorando o sertão


Num vê mãe sentindo dô

Botá força pra parí

E o fií sem querer saí

Pruque num tem mais sustança

Nas agunia da fome

Nasce o fií de quaiquer jeito

E a mãe se leite no peito

Pra sustentar a criança


É doto você num sabe

mais é bastante doido

Vê um animá caído

Passando a língua no chão

Quem já serviu de transporte

E atendia pelo nome

Dando gemido de fome

Sem um talo de ração


É por isso que eu digo

As vezes me dá vontade

De fazê uma mardade

cum meu trito de inleitô

Picá-lo bem miudim

Sacudi numa coivara

Criá veigonha na cara

E num votá mais nos dotô


Será que cum tanta briga

Tanta nutiça de guerra

Deus num se esqueceu da terra

E abandonou o sertão

Se eu errar péço perdão

Mas achpo qui tá na hora

De argúem qui tá lá pru fora

Oiá mais pro meu torrão


Será qui Deus ficou véi

E num sabe mais o que faz

É qui eu já pedi demais

E ele num me atendeu

Já rezei já fioz premessa

Já li a briba todinha

Mode vê se a chuva vinha

Inté aqui num chuveu


Jesus Cristo me perdoi

Mas é que fico zangado

Quando óio pro meu roçado

E vejo tudo se acabá

Vejo as panela vasia

Uma magua me consome

Vê meus fií morrendo a fome

E eu num tê nada pra dá


Oiando a mata cinzenta

O campo todo pelado

O sol quente avermeiado

Dá vontade de morrer

De hoje indiante eu só rezo

E só faço outra oração

Quando lá no meu sertão

Vortá denovo a chover


Autor: Onildo Barbosa


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